quarta-feira, 23 de maio de 2012

VLASOV, Andrey Andreyevich (*14/09/1900†02/08/1946)


Duplamente Traidor

Andrey Vlasov nasceu em set./1900, filho de humildes camponeses, em Novgorod, no antigo Império Russo. Aos dezessete anos ingressou no Exército e participou da 1ª Grande Guerra durante poucos meses devido à rendição das tropas russas no mesmo ano. Vlasov permaneceu engajado no Exército e galgou rapidamente posições superiores demonstrando entusiasmo na carreira. Participou bravamente da Guerra Civil na Criméia e Ucrânia. Após a desmobilização, em 1923, mais uma vez preferiu continuar alistado. Em 1930 ingressou no Partido Comunista vislumbrando uma alavancagem na carreira. Conseguiu safar-se do expurgo militar realizado por Stálin em 1938 no qual dezenas de oficiais de alta patente foram mortos. No final da década de 30 serviu na China como adido militar no governo de Chiang-Kai-Shek. Ao retornar, assumiu o comando da 99ª Divisão de Rifles onde atingiu o posto de Major-general e foi condecorado com a Ordem de Lenine por ter feito um excelente trabalho de instrução e reorganização naquela unidade. Em jan./1941 foi indicado comandante do 4º Corpo Mecanizado e em junho do mesmo ano viu seu país ser, impiedosamente, invadido pelas tropas de Hitler. Em agosto foi enviado para defender Kiev, capital da Ucrânia, como comandante do 37º Exército, mas foi rechaçado e obrigado a recuar, embora tivesse lutado com extrema bravura. A cidade caiu em mãos do Exército Alemão no mês seguinte, onde foram aprisionados mais de 600 mil soldados do Exército Vermelho. No final do ano foi transferido para defender a capital soviética, sob ameaça, já na liderança do 20º Exército. Em janeiro do ano seguinte foi promovido à Tenente-general e condecorado por ótima liderança ao participar da expulsão do inimigo dos arredores de Moscou. Tornara-se herói nacional, explorado pela propaganda stalinista. Em abr./1942 foi designado comandante do 2º Exército de Choque, unidade de elite, que defendia o entorno da cidade de Leningrado, nas proximidades do rio Vholkov. Em jul./1942, diante do maciço ataque alemão, Vlasov viu-se cercado pelo inimigo (Divisão Azul Espanhola) e rendeu-se. A partir daí a história desse homem mudou completamente.
Em todas as guerras, os oficiais-generais quando capturados tornam-se um grande embaraço político. Isso aconteceu aos próprios alemães quando, em fev./1943, o Marechal Paulus foi aprisionado em Stalingrado e passou a conspirar contra o regime nazista, liderando um grupo de oficiais também prisioneiros nessa empreitada. Com o General Vlasov se deu o mesmo. Ele passou a fazer declarações abertas contra o regime ditatorial de Stálin tentando ganhar seguidores entre os milhares de prisioneiros. Nunca se soube se isso foi uma maneira de se livrar da morte nos campos de concentração ou se, realmente, falava de forma a transparecer seu ideal político, daí a eterna desconfiança por parte dos alemães. É certo que, no caso dele ser repatriado, Stalin o executaria sumariamente por se render ao inimigo e perder seu exército como aconteceu em outros casos.
No final de 1944 Vlasov criou, oficialmente, o Comitê para Libertação dos Povos da Rússia (KONR), apoiado pelo Exército de Libertação da Rússia (ROA), cujos integrantes seriam recrutados entre os prisioneiros (militares ou não) que aderiam à causa anti-bolchevista e consideravam Stalin inimigo do povo. Contudo o cauteloso Hitler e a liderança nazista, ao permitirem estes movimentos, não estavam dando crédito a ideologia de Vlasov e sim usando-o, através de seu prestígio, para irritar a liderança soviética. O general, traidor de sua pátria, conseguiu formar um exército composto de duas divisões (depois batizadas como 600ª e 650ª Divisão de Infantaria Russa), cada uma com seis regimentos, num total aproximado de 50 mil soldados e oficiais, todavia não tinha permissão para entrar em combate, muito embora seus homens estivessem sendo treinados por um dos melhores instrutores militares soviéticos.
Somente em jan./1945 que o Reichsführer-SS Himmler conseguiu convencer um relutante Hitler a permitir que Vlasov e seu Exército de voluntários fossem enviados à linha de frente. Na verdade a guerra no leste estava, àquela altura, num estágio que não era difícil prever o desfecho, pois o Exército Vermelho já deixara seu território e lutava na Polônia e nos países aliados da Alemanha nos Bálcãs e Báltico. Mesmo assim o ROA somente entrou em combate em abril, próximo ao rio Oder, quando, devido à numerosidade do "inimigo", afinal eram russos contra russos, após três dias de lutas, os voluntários foram obrigados a recuar. Seria o primeiro e último confronto. Vlasov reuniu os homens que sobraram e, maliciosamente, tentou negociar um armistício em separado com os aliados ocidentais, pois temia ser capturado pelo Exército Vermelho e repatriado. Sua intenção era unir-se aos anglo-americanos e ser utilizado, futuramente, numa guerra contra a União Soviética.
Assim é que, em sua marcha para o sul, já em mai./1945, Vlasov encontrou insurgentes tchecos que promoviam uma revolução em Praga contra os alemães que haviam ocupado seu país desde 1938. Embora relutante, Vlasov acabou persuadido, pelos seus oficiais subordinados, a lutar ao lado dos revoltosos contra as Waffen-SS. O general traidor da Rússia, agora traíra os alemães! Entretanto a tentativa de Vlasov frustrou-se ao perceber que a capital tcheca estava repleta de comunistas infiltrados à espera das tropas russas com a intenção de formar um novo governo local, satélite de Moscou. Desesperado, Vlasov deixou a cidade no dia seguinte e tentou entregar-se ao 3º Exército Norte-americano, comandado pelo General Patton. Mas os aliados não tinham nenhum interesse em adicionar seus homens ou, muito menos, abrigá-los. Mesmo porque, naqueles dias finais da guerra, as relações com a URSS não eram das melhores. Logo Vlasov e o ROA foram capturados pelo Exército Vermelho. Embora alguns soldados tenham conseguido escapar, a grande maioria foi repatriada para a Rússia, julgada e condenada por alta traição. O general Andrey Vlasov e outros 11 altos oficiais foram enforcados em ago./1946. Os demais passaram anos em campos de trabalho forçado na Sibéria.
Promoções:
??/??/17 2º Tenente
??/??/?? 1º Tenente
??/??/20 Capitão
??/??/?? Major
??/??/?? Tenente-coronel
??/??/?? Coronel
07/05/40 Major-general
24/01/42 Tenente-general




Principais condecorações:
??/??/41 Ordem de Lenine
01/02/42 Ordem da Bandeira Vermelha
Obs.: Revogadas após sua deserção.
Principais posições/comandos:
??/??/38 - ??/11/39 Adido Militar na China
??/11/39 - 17/01/41 Cmte. 99ª Divisão de Rifles
17/01/41 - 15/08/41 Cmte. 4º Corpo Mecanizado
15/08/41 - 10/11/41 Cmte. 37º Exército
30/11/41 - 21/03/42 Cmte. 20º Exército
21/03/42 - ??/04/42 E-M do C-C da Frente Noroeste
??/04/42 - 12/07/42 Cmte. 2º Exército de Choque
14/11/44 - 08/05/45 Presidente do Comitê de Libertação dos Povos da Rússia (KONR)
??/01/45 - 08/05/45 Cmte. do Exército de Libertação da Rússia (ROA)




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