sexta-feira, 18 de maio de 2012

Divisão Azul


Oficialmente designada por División Española de Voluntarios, foi um grupo de espanhóis que se ofereceram para servir no Exército Alemão durante a 2ª Guerra Mundial, mais especificamente no front leste.
Embora o Generalissimo Francisco Franco não apoiasse oficialmente a entrada da Espanha na guerra ao lado do Eixo (Alemanha-Itália-Japão), ele permitiu que voluntários de seu país se juntassem ao Exército Alemão para, exclusivamente, lutarem contra o bolchevismo russo e não contra os aliados ocidentais ou qualquer outro país ou população da Europa. Foi a forma que ele encontrou para compensar a ajuda que Hitler lhe havia dado durante a Guerra Civil (jul./1936-abr./1939) e se manter, simultaneamente, em paz com os países que lutavam contra a Alemanha Nazista. Em jun./1941 o ditador alemão aprovou a oferta de Franco e, imediatamente, diversos voluntários do Exército Espanhol, veteranos da Guerra Civil e membros do Partido Fascista (Falange) se apresentaram nos grandes centros urbanos, principalmente Barcelona, Valência e Sevilha. A procura foi tanta que as autoridades concluíram que se poderia formar uma divisão de infantaria completa, com um contingente inicial de 18.104 homens, dos quais 2.612 eram oficiais. Para liderar este efetivo Franco designou o Major-general Augustin Muñoz Grandes, um veterano de sucesso durante a Guerra Civil.
Em jul./1941 partiu o primeiro grupo de voluntários para um intensivo treinamento de cinco semanas na Alemanha. Ali eles formaram a 250ª Divisão de Infantaria e trocaram seus antigos uniformes azuis (que deu origem ao nome Divisão Azul) pela farda cinza utilizada pelo Exército Alemão com a adição de um emblema na altura do braço direito com as cores da bandeira espanhola. A nova divisão também adotou o padrão formal de composição do exército germânico, subdividindo-se em três regimentos de infantaria (262º, 263º e 269º); cada um destes composto por três batalhões com quatro companhias cada. Ainda havia, para dar suporte, um regimento de artilharia (250º) composto por quatro batalhões de três baterias cada. Completava o contingente 1 batalhão de infantaria de reserva, 1 batalhão antitanque e unidades de reconhecimento, comunicação, transporte, médico, veterinário, policial e correio.
Em meados de ago./1941 a 250ª Divisão de Infantaria estava pronta para o combate sendo incorporada ao Grupo de Exércitos Centro (Marechal von Bock) que tinha por objetivo principal a tomada de Moscou. A Divisão Azul, partindo da Polônia, tinha ordens de atravessar os territórios da Lituânia e Bielorrússia até a cidade de Smolensk. Durante a marcha uma contraordem do Alto Comando Alemão (OKW), em fins de set./1941, fez com que a divisão fosse realocada ao Grupo de Exércitos Norte (Marechal von Leeb), integrada ao 16º Exército (General Busch), cujo objetivo era tomar Leningrado, cidade no noroeste da Rússia, fronteiriça à Finlândia.
Na noite de 12/10/1941 a Divisão Azul teve seu batismo de fogo ao se defrontar com um batalhão soviético que tentava atravessar o rio Volkhov em meio a escuridão. A investida russa foi detida deixando pra trás cerca de 50 mortos e 80 prisioneiros. Quatro dias depois, numa segunda tentativa, o Exército Vermelho foi, novamente, rechaçado. A batalha pela posse do rio tornou-se violenta, mas os espanhóis souberam manter uma cabeça-de-ponte do outro lado da margem mesmo sofrendo pesadas baixas da artilharia inimiga. Até o final daquele mês algumas cidadezinhas foram capturadas pelo caminho muito embora os soviéticos, constantemente, realizassem contra-ataques. No começo de novembro a frente se estabilizou próximo à cidade de Nikitkino devido as baixíssimas temperaturas. O inimigo se reorganizou e, acostumado ao frio, fez com que as tropas da 250ª Divisão recuassem, tomando-lhes as pequenas cidades antes conquistadas. Novamente a batalha se focou pela tomada do rio Volkhov, agora completamente congelado.
Durante abril e maio de 1942 os primeiros reforços começaram a chegar para substituir as perdas humanas. As operações da Divisão Azul, nesse período, se limitaram a manter a linha conquistada além de pequenas incursões de limpeza e observação durante as quais foram capturados materiais do inimigo e alguns prisioneiros, inclusive o General Vlassov (comandante do 2º Exército de Choque), que mais tarde passaria a lutar ao lado dos alemães, numa atitude traidora.
Em ago./1942 os voluntários espanhóis foram transferidos do flanco norte para o sudeste do cerco à Leningrado. Ali, em fev./1943, eles sofreram uma forte contra-ofensiva soviética (revigorada após a recente vitória em Stalingrado), na cidade de Krasny Bor, próximo da rota Leningrado-Moscou. Mesmo sofrendo pesadas baixas os espanhóis detiveram os ataques russos, apoiados por tanques, em sete ocasiões. O assalto foi contido e o cerco à Leningrado mantido por mais um ano. A estabilização da linha fez com que os generais alemães passassem a dar mais valor aos combatentes espanhóis. Para repor as grandes perdas na batalha, Franco enviou mais reforços com a adição de alistados compulsoriamente.
De qualquer forma, o ano de 1943 estava sendo terrível para o Exército Alemão em toda frente leste. Após a derrota de Stalingrado (fev.) e o fracasso da ofensiva em Kursk (ago.), a linha estava em franca retirada. Na Espanha o Generalissimo vinha sofrendo pressões em seu governo, principalmente da Igreja Católica e de membros da Falange, para encerrar a participação dos espanhóis na guerra e a quase-aliança com a Alemanha Nazista. Houve início das negociações e em outubro Franco deu a ordem definitiva, substituiu o comandante e iniciou os procedimentos para dissolução da divisão e repatriação dos homens. Alguns voluntários se recusaram a retornar e foram alocados em legiões de estrangeiros (Legião Azul) em várias unidades do Exército e até nas Waffen-SS.
O número de perdas da Divisão Azul na guerra é de aproximadamente 5 mil mortos e 8.800 feridos ou desaparecidos, sem contar as baixas por doenças ou pela intensidade do frio. Dos que se recusaram a retornar à Espanha e permaneceram lutando, após out./1943, 372 foram aprisionados pelos soviéticos dos quais 286 permaneceram em cativeiro por quase uma década.
Não se pode omitir, ainda, a participação de pilotos espanhóis em luta naquele front à bordo de aviões de caça alemães (Me Bf 109), o chamado "Esquadrão Azul". Durante o período em que estiveram em ação derrubaram 74 aviões soviéticos perdendo apenas 10 com a morte de 6 pilotos.
O Exército Alemão soube recompensar o grande esforço feito pela Divisão Azul, pois muitos dos voluntários foram condecorados com medalhas alemães por bravura em combate diante do inimigo. Instituiu, inclusive, em jan./1944, uma medalha para homenagear todos estes combatentes - a Medalha da Divisão Azul (vide mais detanhes aqui).




Medalhas recebidas:
. 1 Cruz de Cavaleiro com Folhas de Carvalho
. 2 Cruzes de Cavaleiro da Cruz de Ferro
. 2 Cruzes Germânica em ouro
. 138 Cruzes de Ferro 1939 1ª Classe
. 2.359 Cruzes de Ferro 1939 2ª Classe
. 2.216 Cruzes de Mérito de Guerra com Espadas (1ª e 2ª Classes)
Comandantes:














20/07/41 - 13/12/42 TG Augustin Muñoz Grandes (jan./1896-jul./1970)
Condecorações:
. 08/09/41 Cruz de Ferro 1939 2ª Classe
. 06/01/42 Cruz de Ferro 1939 1ª Classe
. 12/03/42 Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro
. 13/12/42 Cruz de Cavaleiro com Folhas de Carvalho

13/12/42 - 20/10/43 MG Emilio Esteban-Infantes y Martin (mai./1892-jun./1962) 
Condecorações:
. ??/??/43 Cruz de Ferro 1939 2ª Classe
. ??/??/43 Cruz de Ferro 1939 1ª Classe
. 09/04/43 Cruz Germânica em ouro
. 03/10/43 Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro 

20/10/43 - 30/11/43 MG Santiago Amado Loriga (abr./1890-jan./1974)
Condecorações:
. ? Cruz de Ferro 1939 2ª Classe

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